terça-feira, 27 de julho de 2010

O amor solitário


Ela abriu a porta de casa cansada e satisfeita ao mesmo tempo. Tinha se passado mais um dia, e mais uma vez ela suportou. Olhou ao redor e tudo estava como havia deixado quando saiu: vazio e solitário. Trazia consigo sua bolsa, cheia de papéis de propaganda daqueles que alguém sempre oferece na rua. Ela pegava todos, afinal, “o que custa”- pensava. Na bolsa também havia 1 caneta, 1 revista daquelas de fofoca e um pouco de dinheiro. Não sentia a necessidade de carregar mais nada.
Sentou-se no sofá e ligou a TV. Na novela, a mocinha linda, loira e perfeita chorava abandonada pelo namorado. Por um segundo se comoveu, talvez pelo choro, talvez por ter ressuscitado alguma lembrança, mas foi apenas por um segundo.
Foi para o seu quarto, resolveu arrumar o guarda roupa. Olhou cuidadosamente cada peça, sorrindo para algumas. Organizou rapidamente, não estavam tão bagunçadas. Procurou algumas bugigangas na gaveta da cômoda, de forma distraída e atenta ao mesmo tempo. Haviam muitos papéis desnecessários, definitivamente ela gostava de papéis. Fingiu não achar o que procurava, e fechou as gavetas.
Não estava com fome, mas sabia que precisava comer alguma coisa, talvez não conseguisse tomar café da manhã no dia seguinte, o trabalho ocupava todo o seu tempo. Sentiu um leve mal estar, uma sensação muito ruim que por ela já era conhecida. Dor, aquela dor. Balançou a cabeça e sorriu para a dor, prometera para si mesma não seguir a outra opção, que tantas vezes já tivera seguido. Suspirou mais uma vez e resolveu se deitar, o que seria uma barriga vazia? Nada. Deitou-se e pensou no dia que havia passado, e como seria amanhã. Haveria diferença? Claro que sim...amanhã ela ligaria a TV mais tarde, somente na hora do jornal.

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