Solange pegava todos os dias o mesmo metrô, aproximadamente no mesmo horário, e ficava em pé no vagão sempre no mesmo local. Olhava sempre para frente, para a janela, onde via diariamente os mesmos prédios cinza, os carros parados no trânsito e as pessoas indo trabalhar.
Nesse dia, estranhamente o céu estava diferente. O azul se misturava com o amarelo do sol de tal forma, que até Solange percebeu. A luz penetrou a janela e refletiu em seu relógio, fazendo o reflexo passear por entre as pessoas que estavam ali. Ela acompanhou esse rápido movimento e se surpreendeu. A senhora sentada em sua frente estava cabisbaixa, tinha o olhar triste e distante, pensava em algo não muito agradável. O rapaz ao lado também tinha o mesmo olhar distante, mas sorria, mesmo estando naquele vagão abafado e barulhento. Estava feliz. Um homem estava com a namorada, observando ela falar sobre a amiga da amiga que ficou com o vizinho na balada. Apesar da mão colocada carinhosamente na cintura da moça, o olhar do rapaz viajava, e com certeza ele não vazia ideia do assunto daquela conversa. O reflexo percorreu várias pessoas e ela observou cada rosto, e como as pessoas pareciam falar apenas com seus olhos e expressões. Pela primeira vez, Solange percebeu quanta vida existia naquele vagão.
O dia seguiu, assim como a vida, e o céu nunca mais reproduziu aquela mesma cor, mas Solange nunca mais pegou o metrô olhando para aquela janela suja e cinza.
Nesse dia, estranhamente o céu estava diferente. O azul se misturava com o amarelo do sol de tal forma, que até Solange percebeu. A luz penetrou a janela e refletiu em seu relógio, fazendo o reflexo passear por entre as pessoas que estavam ali. Ela acompanhou esse rápido movimento e se surpreendeu. A senhora sentada em sua frente estava cabisbaixa, tinha o olhar triste e distante, pensava em algo não muito agradável. O rapaz ao lado também tinha o mesmo olhar distante, mas sorria, mesmo estando naquele vagão abafado e barulhento. Estava feliz. Um homem estava com a namorada, observando ela falar sobre a amiga da amiga que ficou com o vizinho na balada. Apesar da mão colocada carinhosamente na cintura da moça, o olhar do rapaz viajava, e com certeza ele não vazia ideia do assunto daquela conversa. O reflexo percorreu várias pessoas e ela observou cada rosto, e como as pessoas pareciam falar apenas com seus olhos e expressões. Pela primeira vez, Solange percebeu quanta vida existia naquele vagão.
O dia seguiu, assim como a vida, e o céu nunca mais reproduziu aquela mesma cor, mas Solange nunca mais pegou o metrô olhando para aquela janela suja e cinza.
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