sábado, 1 de maio de 2010

Humor do bem X humor do mal

Quem tem twitter já deve conhecer as tags #humordobem e #humordomal. Para quem não tem , uma rápida explicação: o apresentador Marcos Mion, na estréia do seu programa "Legendários”, anunciou que a proposta do programa seria diferente e que o humor utilizado não agrediria ninguém, ou seja, seria um “humor do bem”. Diante disso, os humoristas Danilo Gentili e Rafinha Bastos, conhecidos por suas piadas politicamente incorretas, começaram a postar piadas já conhecidas do público, mas adaptadas, como por exemplo:” Vc conhece o Mário? Aquele que te pegou em casa e levou na igreja p/ orar sem malícia, além de ensinar q fraternidade é preciso”, utilizando sempre no final a tag #humordobem. A afirmação de Marcos Mion foi considerada por muitos uma “alfinetada” na maneira como o humor é feito hoje no Brasil. Deixando de lado o passado “MTV” do apresentador, que por diversas vezes em sua carreira já utilizou o tipo de humor que ele hoje condena, eu pergunto: é possível existir um “humor do bem”?
Quando eu penso em “humor do bem”, a primeira coisa que vem na minha cabeça é o programa “Chaves”. As piadas eram simples, muitas vezes até inocentes, e muita gente ainda morre de rir mesmo assistindo durante anos os mesmo episódios (inclusive essa que vos escreve). Totalmente do bem, certo? Depende do ponto de vista. Chamar uma idosa que mora sozinha diariamente de “Bruxa do 71” não parece ser muito legal. E chamar um garoto que tem as bochechas levemente protuberantes de “bochechas de bulldog velho” é claramente um exemplo de Bullying. Então a conclusão é de que o Chaves é um programa totalmente #domal? Claro que não.
Eu usei esse exemplo tosco só para dizer que não existe um “humor do bem”. O que faz rir é sempre a “zoação”, o erro , a aparência, etc. O humorista não se preocupa se vai magoar alguém com a sua piada, e isso é compreensível. Cabe a cada um escolher o tipo de piada que incomoda e evitar, e se divertir com os outros tipos de piada. Se é com esse tipo de atitude que Marcos Mion quer revolucionar a TV brasileira, o nome do programa deveria mudar para “Missão impossível”.

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