No caso da atriz, o fato dela pensar em elaborar uma carta para a "Caras" me levantou o seguinte questionamento: a dor que ela sentia impediu que ela pensasse na família, que pensasse nos filhos, mas não à impediu que pensasse na sua carta publicada na revista. Até então, trata-se de um desvio, desequilíbrio ou até mesmo de algum transtorno psicológico que a ela poderia estar sofrendo naquele momento (porque é a única explicação que se passou na minha cabeça).
Mas aí, para tornar a situação mais absurda, a revista "Caras" resolve publicar a carta com status de "exclusividade", tratando o caso de maneira indelicada e sensacionalista. E para ficar mais inacreditável ainda, eles publicaram a capa (foto) com o título "Cibele Dorsa, 36 anos: A ATRIZ QUE MORREU POR AMOR". E na continuação do título eles dizem que a carta foi direcionada à revista para que ela divulgasse para a família, filhos, amigos, ex marido e ao grande amor da vida dela, QUE HAVIA SE SUICIDADO HÁ DOIS MESES.
Duas perguntas: como alguém que decide tirar a vida, trazendo sofrimento para os filhos, família e amigos, pode ter feito isso por amor? O único ato de amor que ela teve foi com a revista, que vai lucrar muito com essa edição. E como se divulga uma revista para alguém que já morreu? O dia que a "Caras" resolver ensinar isso para o mundo, o mercado editorial nunca mais será o mesmo. Brincadeiras à parte, sou a favor da liberdade de imprensa, mas muitas vezes os veículos confudem "liberdade de expressão" com falta de bom senso. Esse não foi o primeiro e nem será o último caso, e a esperança que fica é que um dia, esse tipo de sensacionalismo não exista mais. Porque sonhar não custa nada...