Fumo e poluição são exemplos prejudiciais para quem deseja manter a voz em diaO ato de falar é essencial ao ser humano. É a principal forma de comunicação em uma sociedade e sem a voz, essa comunicação não seria possível.
Por ser usada frequentemente e de forma tão natural, muitas pessoas esquecem que a voz é um processo do nosso organismo que também necessita de cuidados e atenção. Esse processo consiste na vibração das cordas vocais, causada pelo ar que é expulso dos pulmões pelo diafragma. A vibração é modificada pela boca, lábios e língua, formando a voz.
Vendedores, operadores de telemarketing, feirantes, professores e cantores são alguns exemplos de profissionais que podem desenvolver com maior facilidade doenças vocais. Mas existem alguns hábitos que também podem trazer problemas a quem não pertence a esse grupo. Segundo a fonoaudióloga Cassiane Amorim da Cunha, “para ser ter uma voz saudável é essencial eliminar o álcool e o fumo, pois são os principais hábitos causadores do câncer da faringe”. Ao longo do tempo e de acordo com certos hábitos, podem ser desenvolvidas disfonias orgânicas, que são alterações anatômicas nas pregas vocais. Há vários tipos de alterações, como nódulos e pólipos, sendo o último uma espécie de tumor benigno. Alguns exemplos do que pode causar disfonias são:
• Fumo, álcool, drogas e poluição.
• Tossir, gritar muito ou pigarrear.
• Cantar ou gritar quando gripado (a).
• Falar em locais barulhentos.
• Mudanças bruscas de temperatura.
• Ambientes com muita poeira, mofo e cheiros fortes, principalmente para quem é alérgico.
A maioria desses fatores levaram o operador de telemarketing Jonathan Barbosa Janebro, 23 anos, a desenvolver uma disfonia. Trabalhando em um Call Center, ambiente fechado e com ar condicionado forte, diariamente ele precisava falar alto, por conta do ambiente barulhento. Trabalhou na área durante 9 meses, quando começou a sentir freqüentes dores de garganta, até que um dia acordou totalmente sem voz. “Minha voz sumiu por causa de uma fenda nas cordas vocais, como se estivessem afastadas uma da outra quando eu falava”, relata. Segundo Cassiane, “o tratamento indicado nesse caso é cirúrgico, seguido de fototerapia, isto é, o paciente vai aprender um padrão de fala mais equilibrado e adequado, através de exercícios orientados por um fonoaudiólogo".
Infelizmente, com o estilo de vida que a maioria das pessoas leva hoje, manter a saúde da voz é cada vez mais difícil. A poluição das grandes cidades e os ambientes barulhentos estão presentes inevitavelmente na vida de muitos. Essa rotina, junto com outros fatores, muitas vezes levam as pessoas a desenvolverem um quadro de estresse.
Quem sofre de estresse também é forte candidato a desenvolver disfonias. Isso porque a tensão, o nervosismo e a exaustão, características da doença, geram tensão no aparelho fonador, aumentando o risco de distúrbio vocal.
Para tentar amenizar os efeitos de todos esses fatores na saúde da voz, Cassiane Amorim traz algumas dicas:
• Beber bastante líquido, o equivalente a oito copos de água por dia, em temperatura ambiente.
• Caso a umidade do ar estiver muito baixa, ou se o uso de ar condicionado for freqüente, aumentar a hidratação;
• Não falar em ambientes ruidosos, a tendência é elevar o volume a custa de um esforço nas pregas vocais.
• Poupar a voz em casos de alergias, gripes, resfriados e também após o uso excessivo, que deve ser evitado.
• Evitar tossir e pigarrear, pois as pregas vocais serão ainda mais agredidas. Deglutir a saliva como forma de aliviar a “coceira”.
Pequenos cuidados com esse instrumento do corpo são muitos importantes, pois o fato de ser usada de forma tão natural só mostra que a voz é parte essencial do nosso organismo e quem sem ela, muitos problemas podem surgir. Em casos de tosses, rouquidão, cansaço ao falar, variações na frequência habitual e dificuldade em manter a voz, é necessário sempre procurar um especialista, para que seja feito o diagnóstico adequado.